quarta-feira, 14 de outubro de 2009

S.O.S. CAGARRO




Embora ainda a 1 km do mar, "no lugar nunca pensei" todas as noites por esta altura, escuta-se o grito destas aves marinhas que encontram nos Açores, o seu maior habitat.


Juntam-se em colónias situadas nas falésias costeiras e ilhéus, que chegam a reunir centenas de aves. Os seus cantos nocturnos são muito peculiares, alguns parecidos com o choro humano. É uma das aves mais antigas que existe à superfície da Terra e pertence à família dos Procellariidae. A maior concentração mundial de cagarros ocorre nos Açores, da subespécie C.d. borealis, mas devido a ser muito vulnerável a predadores terrestres e às actividades do homem, esta espécie está em regressão a nível mundial, sendo muito importante garantir a sua protecção.

Em Outubro e Novembro os jovens cagarros iniciam a sua migração e orientam-se aparentemente pelas estrelas, mas ao iniciarem o seu primeiro voo, principalmente em noites nubladas, são atraídos e encadeados pelas luzes das povoações e automóveis sendo muitos mortos por colisão e atropelamento.

Ontem foi a vez de "o lugar nunca pensei" ser visitado por um cagarro jovem que em vez de voar para longe da ilha, com a noite de tempestade que esteve, veio parar ao alpendre do armazém principal, possivelmente confundido com a luz por cima da porta de entrada, ou qualquer farol na estrada, passando por cima dos muros.

Foi a segunda vez que me aconteceu em tantos anos. Assustado, tivemos que o neutralizar com uma grande toalha, para depois o colocar dentro de uma caixa de papelão onde passou a noite. Este foi um final feliz pois todos os anos centenas de novas crias morrem esmagadas pelos rodados dos carros cujos farois os confundem e atraiem para a morte.

O kami, como ternuramente lhe chamamos teve melhor sorte e foi devolvido esta manhã ao mar. Impressionante como basta sentir o barulho da rebentação para se começar a agitar. Abrimos a caixa na praia a poucos metros da água. Parou como para se situar, olhou para a foto e descolou para sul sobre as ondas do mar.
Boa viagem Kami.
PS: anualmente são salvos um número elevado de cagarros em todas as ilhas dos Açores. A sensibilização começa nas escolas e organizam-se patrulhas que diáriamente percorrem as estradas e outros locais junto à Costa de forma a devolver ao mar as aves que se perdem na altura da migração. O cagarro está protegido por lei.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O vinho doce...

O fim de semana prolongado, deu-me a possibilidade de acompanhar a vindima aqui da Quinta do lado. Coisas que nos ficam na lembrança, de outros tempos, de outra vindimas, de muitos finais de Verão cheios de cheiros e sabores que a minha meninice vem trazendo à memória enquanto do outro lado do muro, meia dúzia de velhos vão cortando cacho a cacho, entoando aqui e ali uma melodia. A vindima deste ano, diz-me mais tarde o vizinho, foi até melhor que a de outros anos, mas também pouco importa, que já pouco se produz e de qualidade duvidosa, aqui para estes lados.
Mais logo, à noitinha, havemos de experimentar o vinho doce, com meia dúzia de castanhas do ano passado, cuidadosamente guardadas no congelador para esta ocasião especial.
As outras, as de este ano, só mais para o fim do mês irão abrilhantar concerteza mais um serão bem animado.