quinta-feira, 24 de junho de 2010

Alho Pôrro, Cidreira e Manjericos

Porquê relembrar uma data como a de S.João neste blog? Porque esta é a festa mais democrática que conhecemos, que começa e acaba sem regras, com muita alegria, sem barreiras, sem classes, durante uma noite inteira. Festejado em muitas partes do País, na Madeira ou nos Açores, é no Porto que tem mais expressão com 800 mil pessoas todos os anos a saírem para a rua. Só quem já lá viveu esta noite a consegue explicar. Cidreira, alho porro e manjericos, dão um cheiro diferente à festa das festas.
Festas de forte cariz popular, o S. João do Porto é uma festa que nasce espontâneamente, nada se encontra combinado, embora a festa se vá preparando discretamente durante o dia, é normalmente depois do jantar, constituído por sardinhas assadas, batatas cozidas e pimentos ou entrecosto e fêveras de porco na brasa, acompanhadas de óptimas saladas , jantar obviamente regado com vinho verde ou cerveja, mais modernamente. Findo o jantar, os grupos de amigos começam a encontrar-se, organizando rusgas de S. João, como são chamadas. As pessoas muniam-se de alhos pôrros e molhos de cidreira , actualmente as armas, são outras, mudaram para martelos de plástico, duros e ruidosos, mas que acabaram por ser bem aceites e hoje já fazem parte da tradição, Há alguns anos atrás, o S. João limitava-se a uma área da cidade que era constituída, pelas Fontaínhas ( Ponto nevrálgico ), R. Alexandre Herculano, Praça da Batalha, R. Santa Catarina, R. Formosa ou R. Fernandes Tomás, R. de Sá da Bandeira, R. Passos Manuel, Praça da Liberdade, Av. dos Aliados, R. dos Clérigos, Praça de Lisboa, e no retorno, subindo-se a R. de S. António, estava praticamente concluído o percurso obrigatório. A par deste percurso, que juntava para cima de meio milhão de pessoas, que tornavam as ruas pejadas de gente, e onde não há atropelos, as zaragatas são de imediato sustidas pelos populares, os beligerantes rapidamente selam a paz com mais um copo e uma pancada de alho pôrro de amizade. O S. João do Porto é uma festa onde ricos e pobres convivem uma noite de inteira fraternidade e onde a festa é constante. Nos bairros, a festa continua e as comissões organizadoras de cada uma mantém o baile animado até altas horas da madrugada. No tempo áureo do alho pôrro quem chegasse ao Porto vindo de fora, estranharia o odor espalhado pela cidade...efectivamente ela cheirava a alho.... Bom S.João

2 comentários:

  1. Bom dia joba,

    Eu vivi 30 anos no Porto e digo lhe é uma festa e tanto o seu texto descreve tudo direitinho,não sei se já lá passou alguma vez mas se não passou é de pensar em passar.

    Saudações horticulas

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  2. Sou do Porto, e está descrita na sua total realidade, esta festa do povo e da cidade.

    O alho porro a bater nas cabeças,a cidreira que se esfregava na cara de quem passava...as rusgas, as sardinhas assadas e principalmente o ambiente maravilhoso que se vive nessa noite.

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